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Artigos, Reflexão do padre › 15/07/2024

A solidão do descanso de um sacerdote

A vida de um sacerdote é um delicado equilíbrio entre a rigidez da agenda e o chamado divino à contemplação. Cada dia é meticulosamente planejado, com horários rigorosamente cumpridos, compromissos inadiáveis e uma obediência inquestionável aos superiores. Contudo, existe um dia que quebra essa rotina implacável: a segunda-feira, o dia de folga (algumas vezes o padre é quem escolhe o melhor dia para descansar). Neste dia, paradoxalmente, revela-se um desafio, um obstáculo imprevisto. O que fazer com o tempo livre quando se está acostumado a cada minuto ser ditado pela obrigação e dever?

No recolhimento deste descanso semanal, o sacerdote encontra um espaço para mergulhar em experiências diversas e possibilidades que o cotidiano regimentado não permite. Este tempo de lazer, contudo, não se traduz em inatividade. Ele se dedica a leituras profundas, como a obra “A Educação da Vontade” de Jules Payot, publicada pela Editora “Kírion”, e à escrita de livros como “As Bolhas da Vida”, dentre outras ocupações. Cada palavra lida e escrita torna-se um meio de reflexão e crescimento pessoal. Outros, contudo, preferem andar no Shopping, ir ao cinema, assistir a um show, cavalgar, pedalar ao ar livre, ir a um restaurante etc.

Este dia também se abre para a criação musical, por exemplo. Nas horas vagas, composições surgem a partir de suas meditações e poemas, preenchendo o silêncio causado pela falta de compromissos formais. Essas canções são um bálsamo para a alma, uma forma de transformar o vazio em beleza sonora.

A tristeza, a angústia e o desespero são emoções que não encontram espaço na vida de alguém que preenche seus dias de folga com cultura, fé, devoção e outros meios de divertimentos. É nesse intervalo de tempo que se cultivam as grandes amizades, solidificadas pelo compartilhamento de momentos de lazer e a troca de ideias e afetos.

Cultivar a solidão de um dia de folga não é um exercício de ociosidade, mas um mergulho em experiências autênticas. Às vezes, ficar sozinho também pode representar companhia para si mesmo. Deste modo, alimentar-se de uma boa cultura, desenvolver a fé e saborear a suavidade de um dia sem obrigações formam a espinha dorsal de uma vida equilibrada. Este dia de descanso pode parecer um luxo romano, mas, na verdade, é uma necessidade para qualquer ser humano. Ele não é um dia comum – é um dia marcado pelo descanso, que revitaliza e rejuvenesce, permitindo que o sacerdote retorne à sua rotina com renovada energia e um espírito revigorado.

A segunda-feira, então, não é apenas um dia de folga, é um dia de renascimento: na fé, na amizade, na cultura, no autoconhecimento… É quando o sacerdote se reconecta consigo mesmo, encontra novas inspirações e reforça sua missão com vigor renovado. Este dia, longe de ser um obstáculo, é uma bênção que proporciona equilíbrio e profundidade à vida sacerdotal, mostrando que, mesmo na ausência de obrigações, a vida pode ser rica e cheia de significado, desde que saiba ressignificar o dia de descanso, o dia de folga: a segunda-feira do padre.

 

Padre Joacir d’Abadia, Filósofo escritor de 37 livros, sendo 17 livros publicados, Pároco da Paróquia São José Operário, Diocese de Formosa-GO

| Segue lá no Instagram: https://www.instagram.com/padrejoacirdabadia/

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